sábado, 17 de agosto de 2013

Liga da Justiça vs Vingadores: A Batalha fora das telas - Parte 2

Parte 1 - clique aqui 

Enquanto isso na Sala da Justiça, ou melhor, nos estúdios da Warner...


Com o fracasso monumental de Batman & Robin e o posterior sucesso da Marvel nos cinemas, os executivos da DC/Warner tentaram tirar o prejuízo. Entre tentativas de reviver Superman e Batman nos cinemas surgiram propostas bem interessantes; como o roteiro de Superman escrito por JJ Abrams, e outras bem assombrosas; como o filme do último filho de Kripton dirigido por Tim Burton e estrelado por Nicolas Cage. Enquanto o primeiro não saiu do roteiro, o segundo chegou até a ter teste de figurino, deem uma olhada no visual do Nicolas Cage:









As coisas só começaram a mudar para a DC, quando em 2005, o diretor Christopher Nolan deu início a uma nova franquia do Batman. Com roteiros do próprio Nolan, de seu irmão Jonathan Nolan e de David S Goyer; e fundamentados em uma estética realista nunca antes vista em filmes de super-heróis, a franquia Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight) conseguiu apagar da memória dos fãs todos os traumas dos filmes anterior do homem-morcego e elevou Nolan a um status de Semi-Deus (In Nolan we trust!) entre os apaixonados por quadrinhos. Não que essa seja a visão de todos os fãs, mas há de se convir que não é raro alguém dizer que os filmes da trilogia Cavaleiro das Trevas são os melhores filmes de super-heróis de todos os tempos.

Mas um super-herói só não é capaz de concorrer com todos os filmes da superequipe da Marvel. Dessa forma, em 2006 foi lançado um novo filme do Superman – Superman – O Retorno. Brian Singer, o cara que deu o pontapé inicial na atual geração de filmes de super-heróis no cinema foi uma bela escolha para o posto de diretor, o mesmo não se pode dizer para as escolhas do roteiro. Ao invés de iniciar uma nova franquia, Superman – O Retorno retoma toda a temática dos filmes com o saudoso Christopher Reeve como se fosse uma continuação direta.

A ideia era fazer um filme no mesmo molde que se tornou icônico até hoje, só que com o auxílio dos modernos efeitos visuais. Na cabeça dos executivos da Warner talvez o raciocínio fosse simples. Eles só esqueceram que uma modernização em efeitos visuais por si só não tornaria o filme receptivo hoje em dia. Era preciso, também, modernizar os ideais do Superman.

Apesar do relativo sucesso nas bilheterias, Superman – O Retorno não caiu no gosto do público. A DC/Warner tentou, então, anos mais tarde com outro super-herói. Em 2011 já partindo de uma ideia de formar uma base de filmes para depois lançar a Liga da Justiça (a superequipe da DC) a Warner lançou Lanterna Verde, estrelado por Ryan Reynolds. A falta de carisma de Reynolds e o roteiro infantilóide resultaram em outro fracasso de bilheteria.

Nesse contexto os neurônios dos executivos da DC/Warner começaram a trabalhar mais uma vez: "entre tantos fracassos nos últimos anos quem foi o único que conseguiu o sucesso que a gente tanto almejava? A trilogia The Dark Knight. E quem são os homens por trás desse sucesso? Christopher Nolan e David S Goyer. Pronto!. Eis a solução para os nossos problemas!"

Em junho desse ano estreou no Brasil, Homem de Aço (Men Of Steel). Produzido por Nolan, que desenvolveu uma história roteirizada por Goyer, o filme dirigido por Zack Snyder e estrelado por Henry Cavill, Amy Adams, Kevin Costner e Russel Crowe foi um verdadeiro alento para muitos fãs e principalmente para os executivos do estúdio. Com um roteiro no mesmo estilo desenvolvido na trilogia do morcegão, Homem de Aço já chegou batendo o recorde de bilheteria em uma estreia no mês de junho e abriu as portas para um novo filme da Liga da Justiça.


Infelizmente, Nolan já havia dito antes mesmo do lançamento de Homem de Aço que não iria dar continuidade a seu trabalho com o cavaleiro das trevas no cinema. Christian Bale, ator que interpretou o Batman, também afirmou ter encerrado seu trabalho como homem-morcego. Ryan Reyolds também afirmou que não iria continuar como Lanterna Verde (mas desse ninguém vai sentir falta). Assim o futuro da Liga da Justiça continuava sombrio.
Da esquerda para direita: Christopher Nolan, David Goyer e Zack Snyder.

Até que no dia 20 de julho desse ano, durante a Comic Con 2013, evento em que as grandes empresas de quadrinhos, televisão e cinema mostram seus próximos projetos, Zack Snyder, que já havia sido confirmado como diretor da continuação de Homem de Aço (Goyer vai novamente roteirizar e Nolan fica com a produção executiva), mostrou o seguinte cartaz:



Isso mesmo, no próximo filme do Superman haverá um encontro com o novo Batman dos cinemas. O ator que fará o Batman ainda não foi contratado, mas ainda tem gente que acredita que Bale pode voltar atrás de sua decisão (cachê milionário sempre é bom para fazer as pessoas mudarem de ideia). O anúncio teve direito a leitura de trecho entre o confronto de Superman Vs. Batman na clássica HQ de Frank Miller de 1986 - O Cavaleiro das Trevas.

Com os filmes da franquia Vingadores garantidos até a terceira fase e o filme da Liga da Justiça finalmente ganhando forma, nos próximos anos poderemos finalmente comparar e aproveitar os filmes das duas superequipes. Agora é só esperar.
 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Mario Puzo: Obras, adaptações e máfia... muita máfia.

Mario Puzo (1920-1999).


AVISO:
O post a seguir não contém crítica sobre nenhuma das obras citadas (e muito menos spoilers). Tem somente a intenção de apresentar a obra de Mario Puzo e suas várias adaptações para o cinema e continuações.


Presente em qualquer lista de melhores filmes de todos os tempos, a trilogia O Poderoso Chefão (ah, tudo bem, o terceiro filme não é tão bom assim) contou nos cinemas a história da família de mafiosos, os Corleone e concorreu  a 28 oscars, conquistando 9, sendo 2 de Melhor Filme.

O responsável por levar a família Corleone aos cinemas foi o diretor Francis Ford Coppola, mas quem criou o universo e os personagens principais foi o escritor ítalo-americano Mario Puzo. O universo da máfia, sua criação e sua presença nos Estados Unidos foi abordado por Puzo em muitos de seus livros, porém O Poderoso Chefão é sem dúvida o mais famoso.

"Os homens mais ricos são aqueles que possuem amigos mais poderosos" .

O Poderoso Chefão (ou “O Padrinho”, em tradução livre do nome original: The Godfather) é um livro escrito por Mario Puzo e publicado em 1969. O fio condutor do livro é a disputa entre a família Corleone e as outras famílias que comandam a máfia em Nova York logo após a Segunda Guerra Mundial, mas a história principal gira em torno da mudança de poder dentro do próprio clã Corleone, quando o  chefe, e criador de todo o império da família, precisa encontrar entre os seus filhos aquele que vai ficar no seu lugar.





Don Vito Corleone é o mafioso mais poderoso dentre as cinco grandes famílias de Nova York, mantém em seu poder (seu bolso!) policiais, delegados, juízes e políticos. Por trás de uma fachada de empresário do ramo do azeite, Don Vito comanda uma enorme organização criminosa composta por seu Consigliere (conselheiro) e seus Capos (capitães), que por sua vez comandam os “soldados”. A maior fonte de poder de Don Vito Corleone, porém, está nas trocas de favores. Nesse caso, não importa o status da pessoa na sociedade, pode ser um grande astro de Hollywood ou um simples padeiro, o importante é lembrar que quem faz parte do círculo de favores deve obediência e respeito a Don Corleone, e principalmente, estar sempre presente para um dia pagar o favor recebido. Como símbolo dessa união, Vito Corleone pede que quem esteja sob sua proteção o chame de padrinho.

Adaptação e continuações no cinema:

O Poderoso Chefão (1972): estrelado por Marlon Brandon e Al Pacino, como Don Vito e Michael Corleone, respectivamente. O filme retrata o período de guerra entre as Cinco Famílias e a ascensão do filho mais novo ao poder.

O Poderoso Chefão II (1974): estrelado por Al Pacino e Robert De Niro. O filme é dividido em duas linhas temporais que se entrecortam durante a trama. Em uma linha temporal é contada a história de Vito Corleone, desde sua imigração da Itália para os Estados Unidos até se tornar o famoso Don Corleone. Dessa forma, essa linha temporal, que é baseada em um dos capítulos do livro, funciona como uma prequela às histórias do primeiro filme. Robert De Niro interpreta o jovem Vito Corleone. Já na segunda linha temporal é apresentada uma sequência aos eventos do filme anterior. Michael Corleone, agora Don, tenta expandir seu poder e isso o leva a inúmeros conflitos com sua própria família. Essa parte do roteiro é totalmente original, criada por Coppola e Puzo.

O Poderoso Chefão III (1990): estrelado por Al Pacino e Andy Garcia. Nesse filme, Michael Corleone já bastante debilitado, físico e emocionalmente, tenta a todo custo abandonar os negócios ilícitos. O roteiro do filme é original e foi mais uma vez criado por Coppola e Puzo. O Poderoso Chefão III não foi muito bem recebido pelo público e pela crítica e é o único que não ganhou nenhum Oscar.

Continuações na literatura:
Após a morte de Mario Puzo em 1999, sua família e seu editor iniciaram um concurso para escolher um escritor para a continuação do livro O Poderoso Chefão. Segundo eles, o próprio Mario Puzo teria deixado essa prerrogativa para a família.
Mark Winegardner, foi o escolhido dentre vários outros autores para dar continuidade a obra de Puzo na literatura. Winegardner escreveu dois livros: A Volta do Poderoso Chefão e A Vingança do Poderoso Chefão (The Godfather Returns e The Godfather’s Revenge) lançados em 2004 e 2006.

Mark Winegardner e seus dois livros sobre a continuação da história de Michael Corleone.

Winegardner tentou escrever sua história de continuação da saga de Michael Corleone aproveitando as sequências que Puzo e Coppola criaram para o cinema. Os novos livros preenchem as lacunas temporais entre os três filmes, como pode ser visto na tabela abaixo publicada no livro A Volta...:


O roteiro perdido e o novo livro:
Em 2011 foi anunciado que um roteiro criado por Puzo e não utilizado nos filmes se tornaria livro pelas mãos de Ed Falco. O livro lançado nos Estados Unidos em 2012 se chama The Family Corleone, porém ainda não foi publicado no Brasil. O roteiro que virou livro conta a história da ascensão de Vito Corleone ao poder. Mas isso já não foi mostrado? Sim, tanto em um capítulo do livro original quanto em uma das partes do segundo filme. O que se sabe é que Puzo escreveu um roteiro que detalhava ainda mais essa história, porém o filme não chegou a ser produzido. Ed Falco então escreveu um novo livro a partir desse roteiro e sim, já há planos para transformar o novo livro em filme.  
MOMENTO "WTF?": O roteiro que era para virar filme virou livro que agora vai novamente virar roteiro para virar filme!


A Máfia em outros livros de Puzo:
O título desse post já deixa claro que Mario Puzo trabalhou diversas vezes com o universo dos mafiosos. Abaixo, listei algumas dessas obras:

O Siciliano: livro publicado em 1984, trata mais abertamente da cultura siciliana de máfia, representado através da história de Salvatore Giuliano (1922-1950), famoso bandido siciliano, abordado até pelo historiador Eric Hobsbawn que o descreveu como o último dos bandidos do povo.  Parte da história de O Siciliano cruza com a história de O Poderoso Chefão, quando Micheal Corleone está exilado na Sicília. O livro foi adaptado para o cinema em 1987 pelo diretor Michael Cimino e estrelado por Christopher Lambert. Os personagens de O Poderoso Chefão descritos no livro, porém, não aparecem no filme.



O Último Chefão: lançado em 1996, confunde muitas pessoas que acham que se trata de uma continuação de O Poderoso Chefão, principalmente por causa do título brasileiro. O título original, porém, se chama The Last Don (o Último Don). O livro trata de outra família de mafiosos, os Clericuzio, donos de uma rede criminosa na costa oeste dos Estados Unidos.




Omertà: livro lançado em 1999, cujo título aborda o código de silêncio dos mafiosos.

Os Bórgias: último livro de Mario Puzo, publicado postumamente em 2001.Trata da vida do Cardeal Rodrigo de Borgia, na Itália do século XV, que se tornou o Papa Alexandre VI através de uma extensa rede de alianças criminosas que dariam origem às famílias mafiosas. Apesar de ter passado vários anos escrevendo o livro, Mario Puzo não conseguiu acabá-lo, o livro foi finalizado por sua companheira Carol Gino.







Outros livros de Puzo:

Seis Túmulos para Munique: publicado por Puzo em 1967 sob o pseudônimo de Mario Cleri. Conta a história de Michael Rogan, oficial da inteligência americana durante a Segunda Guerra que foi capturado e torturado pelos nazistas e que anos mais tarde planeja uma vingança contra seus torturadores.


O Quarto K: publicado em 1990, conta a história do mandato presidencial do fictício quarto Kennedy, Francis Xavier Kennedy. Este seria sobrinho dos famosos políticos americanos: John Kennedy, Robert Kennedy e Edward Kennedy. O Quarto K foi um fracasso de vendas.

Outros títulos de Mario Puzo são: A Guerra Suja (1955), O Imigrante Feliz (1965) e Os Tolos Morrem Antes (1978). Puzo ainda escreveu roteiros para o cinema: além dos roteiros da trilogia O Poderoso Chefão, ele também escreveu os roteiros de Terremoto (1974) e os dois primeiros filmes do Superman (1978 e 1980).

Espero que tenham gostado do texto e se interessado pela obra de Mario Puzo. Nos próximos posts posso apresentar algumas críticas específicas sobre cada obra.


Minha coleção Mario Puzo/Poderoso Chefão.

domingo, 4 de agosto de 2013

Liga da Justiça vs Vingadores: A Batalha fora das telas - Parte 1


Esse texto não poderia começar de outra forma senão com uma crítica a editora DC Comics e ao estúdio que leva as histórias de seus super-heróis para os cinemas, a Warner Bros. Nos últimos anos se tornou notória a surra que a DC levou da sua rival MARVEL na disputa para levar as superequipes (Liga da Justiça e Vingadores) para as telonas.

                     



Mesmo com o direito de seus super-heróis (inclusive os mais famosos: Homem-Aranha, X-Men e Wolverine) divididos entre vários estúdios diferentes, a MARVEL conseguiu estabelecer uma franquia bem fundamentada e lucrativa, enquanto a Warner mesmo tendo levado os grandes heróis da DC para as telas muito tempo antes, não consegue a estabilidade entre seus filmes como a MARVEL conseguiu.

O histórico:

Com o lançamento e o estrondoso sucesso de Superman – O Filme, em 1978, a DC/Warner iniciou a era dos quadrinhos no cinema blockbuster, porém não soube dar continuidade a essas histórias. Foram duas franquias levadas as telonas, Superman e Batman – seus dois maiores heróis - ambas tiveram quatro filmes e ambas sofreram do mesmo mal. Nos últimos filmes os enredos enveredaram para uma história de comédia que desagradou o público. 

Superman - Filme (1978), Superman II - A Aventura Continua (1980), Superman III (1983) e Superman IV - Em Busca da Paz (1987).

Batman (1989), Batman - O Retorno (1992), Batman Eternamente (1995) e Batman & Robin (1997).
 
No caso especifico do homem-morcego, os primeiros filmes, dirigidos por Tim Burton, também desagradaram muitos dos fãs de quadrinhos, mas se sustentou na bela atuação de atores consagrados e ganhou ainda mais fama devido ao fracasso do diretor Joel Schumacher nos dois últimos filmes (os filmes de Joel Schumacher eram tão ruins que fizeram muitos fãs do Batman mudarem seus conceitos sobre os filmes de Burton). Schumacher mostrou que a única referência que tinha do personagem era a série clássica de TV dos anos 60, estrelada por Adam West e Cesar Romero. A união da comicidade da série com os aspectos peculiares (para não dizer estranhos) deixados por Tim Burton colocaram os filmes de Joel Schumacher no hall dos piores filmes baseados em quadrinhos de todos os tempos.

E foi logo depois da decepção do último filme do cruzado encapuzado que a principal concorrente da DC, a MARVEL Comics, iniciou sua hegemonia nos cinemas. Em 2000 foi lançado X-Men – O Fime, dirigido por Bryan Singer, o filme foi um verdadeiro sucesso de bilheteria e marcou a virada da Marvel no cinemas, ultrapassando a sua concorrente. 
Com os direitos de seus personagens divididos entre vários estúdios a MARVEL viu no início do século XXI uma enxurrada de filmes de seus super-heróis. De 2000 até 2008 foram mais de 15 produções, é óbvio que algumas eram realmente tão ruins quanto os Batman/Schumacher, mas com a grande quantidade de filmes lançados, o número de bons filmes também era muito grande.

Exemplos de filmes de heróis da Marvel lançados por vários estúdios diferentes, como a 20th Century Fox e a Sony Pictures.
 
Se a situação da Marvel já estava bem melhor do que sua rival no início dos anos 2000, em 2008 a MARVEL Studios, subsidiária da MARVEL Comics e co-produtora dos filmes da “casa das ideias” com os grandes estúdios, resolveu criar sua própria franquia e bancar seus próprios filmes. Os heróis cujos direitos pertenciam a outros estúdios continuaram sendo produzidos a parte, mas a MARVEL voltaria seus olhos aos super-heróis que ela detém a marca exclusivamente. Tem início assim uma das franquias mais bem elaboradas (ou megalomaníacas?!) e sucedidas do cinema: a franquia Vingadores. Hoje sabemos que esta franquia está dividida em fases, em abril do ano passado foi o término da Fase 1, com o lançamento do primeiro filme da superequipe da MARVEL. Cada fase é composta por filmes solos e terminam com uma nova aventura dos Vingadores, então, de 2008 a 2011 foram lançados: Homem de Ferro, Homem de Ferro II, O Incrível Hulk, Thor e Capitão América – O Primeiro Vingador. Em maio desse ano com o lançamento de Homem de Ferro 3, a MARVEL deu início a segunda fase.


Pôster do filme Os Vingadores. Lançado em 2012, o filme finalizou a Fase 1 da franquia Vingadores no cinema.

O que impressiona na MARVEL é a habilidade com que eles conseguem transportar seus super-heróis para o cinema, sempre partindo do princípio de colocar pessoas que tenham algum tipo de relação com o projeto e com o personagem, e acima de tudo como eles conseguem pensar o futuro dos seus heróis. Hoje a MARVEL já tem datas de lançamento de filmes da Fase 3 dos Vingadores e vai iniciar uma série de TV sobre o mesmo universo: Agents Of S.H.I.E.L.D.

Continua na parte 2.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Livro X Filme: O Iluminado



Lançado em 1980, o filme O Iluminado (The Shining) marcou o gênero de terror e é um dos filmes mais cultuados pelos fãs de cinema, ocupando (atualmente) a 47ª posição no ranking do IMDb. Dirigido por Stanley Kubrick (2001 – Uma Odisseia no Espaço, Laranja Mecânica), foi roteirizado pelo próprio Kubrick e por Diane Johnson com base no livro homônimo de Stephen King. Com cenas marcantes como a das gêmeas no corredor e o ataque da mulher do banheiro, o filme também é fortemente marcado pela bela atuação de seus protagonistas: Jack Nicholson, Shelley Duvall e Danny Lloyd.

Porém, mesmo com todo o sucesso do filme muito se fala sobre sua adaptação e falta de fidelidade ao livro. Para analisar as diferenças essenciais vamos entender primeiro o que é comum a ambos:

O Iluminado conta a história da família Torrance, que passa uma temporada isolada do mundo, em um hotel durante a baixa estação quando o mesmo fecha devido ao intenso inverno de sua localização nas montanhas. Jack Torrance é um ex-alcoólatra em busca da um reinício após tantos incidentes infelizes. Ele aceita o emprego de caseiro do luxuoso Hotel Overlook no inverno, com a intenção de terminar uma peça teatral durante o período; sua mulher Wendy Torrance é uma dedicada esposa e mãe, desgastada com os deslizes do marido, mas que ainda deseja a união da família; por fim, o filho do casal: Danny Torrance. O pequeno Danny é um garotinho de 5 anos que possui poderes sobrenaturais, o que lhe permite, entre outras coisas, ter visões sobre o passado e o futuro. As visões de Danny vêm através de um amiguinho imaginário: Tony.

No último dia de funcionamento do hotel antes da pausa de inverno, o cozinheiro Dick Hallorann reconhece os dons do jovem Danny. Dick diz que o garoto assim como ele é um iluminado, uma pessoa com poderes psíquicos e sobrenaturais, essas pessoas não são tão raras, porém algumas têm maior poder de iluminação que outras. Dick avisa que Danny tem o maior poder que ele já viu e alerta o menino para os perigos do hotel, onde coisas esquisitas acontecem.

Aos poucos os membros da família vão sofrendo com a influência do hotel e da solidão nas montanhas, culminando com o enlouquecimento de Jack tentando matar sua família.

Em linhas gerais, essa é a história de O Iluminado, agora vamos ver como ela é desenvolvida no livro e no filme.

O livro:

Lançado em 1977, o livro se detinha muito mais na história do Hotel
Overlook, tratado quase como um quarto personagem principal do romance. O passado do hotel é revelado a Jack através de um diário de recortes de jornais. Suicídios, crimes passionais, assassinato de gângsters, entre outros casos sórdidos. São os fantasmas do Hotel Overlook que tomam conta da mente de Jack e fazem com que ele se volte contra a própria família. O objetivo é pegar Danny, porque seus poderes deixam a paranormalidade do hotel mais forte, o hotel usa Jack Torrance porque ele tem uma mente mais fraca devido a seu conturbado passado.


As histórias sobre o passado do hotel e os ataques dos fantasmas são realmente assustadoras e tem muito mais espaço no livro.

Stephen King
Outro ponto importante do livro é a relação entre pai e filho. Danny nutre um amor incondicional pelo pai, mesmo já tendo sofrido com seus momentos de alcoolismo. Essa relação é importante porque deixa o leitor ainda mais assustado quando Jack tenta matar a família. Isso, aliás, é um recurso bastante usado por King em suas obras. O autor nos apresenta uma situação muito bonita e agradável entre dois ou mais personagens e logo depois interrompe com algum tipo de tragédia. Quem já leu o que acontece ao pequeno Gage Creed depois de algumas páginas de brincadeiras com o pai em O Cemitério, sabe do que eu estou falando.

O filme:


Já no filme de Stanley Kubrick a situação é muito mais voltada para o enlouquecimento devido ao isolamento nas montanhas do que aos fantasmas do hotel. Jack Nicholson, que interpreta Jack Torrance, vira senhor da história, é para seu personagem que a trama é voltada.

Ainda sobre o ator, ele foi alvo de divergências entre King e Kubrick. Quem leu O Iluminado sabe que Torrance é um sujeito com um passado de crises devido aos problemas com o álcool, mas tirando isso é uma pessoa normal. O problema com Jack Nicholson é que ele já tem cara de doido desde o primeiro minuto em cena (a situação é ainda pior para que assiste esse filme depois de já ter visto Nicholson em Batman, Melhor é Impossível, Tratamento de Choque, ou Os Infiltrados).

Sobre a relação entre Jack e Danny, ela não convence no filme. Apesar de ótimos atores, não existe um ponto na trama no qual podemos ver uma interação de pai e filho entre os dois. Não há o carisma da relação familiar em nenhum momento entre eles.
Existem outras diferenças mais básicas, como a história da mulher do banheiro ou o amigo imaginário de Danny, mas isso não interfere na estrutura criada por Stephen King.

Jack e Danny Torrance - Relação entre os dois não convence no filme.


O veredicto:

Que me perdoem os fãs de Kubrick ou King que esperavam uma posição mais radical de minha parte para um dos lados, mas no caso de O Iluminado não vejo porque não gostar das duas mídias. O livro tem momentos incríveis, difíceis de adaptar e as tensões criadas por King funcionam muito bem. Sou um apaixonado pela obra de Stephen King (COM CERTEZA farei mais posts sobre elas), seu modo de escrever e o universo que ele cria para cada livro, mas há de se reconhecer que o filme também tem seus méritos. E MUITOS.

Stanley Kubrick
Stanley Kubrick soube trabalhar muito bem com os elementos de cena, causando uma claustrofobia no espectador. Danny andando de motoca nos corredores do hotel é um exemplo. A trilha sonora também aumenta o clima de suspense. Nos momentos de tensão, Kubrick dava cortes secos nas cenas, tal efeito é capaz gelar a espinha de quem assiste.

Mas acima de tudo, Jack Nicholson. Se o roteiro de Kubrick e Johnson muda o foco do filme para a loucura de Jack Torrance, Jack Nicholson faz essa mudança valer a pena. Completamente surtado, o ator protagonizou cenas marcantes. Hereeeee’s Jonnhy... Quem já viu o making of que mostra Nicholson antes de fazer a famosa cena com o machado pôde ver o nível de carga emocional que o ator deu ao personagem. No mesmo making of, vemos também o perfeccionismo do diretor que chegava a arrancar lágrimas de Shelley Duvall (que interpretava Wendy Torrance) com suas broncas sobre a atuação da atriz.

Famílía Torrance em diversos momentos do flme.
  
Stanley Kubrick desvirtuou muito a obra de King? Muito. Era melhor ter colocado outro nome no filme e nos personagens? Talvez. De qualquer forma, Kubrick criou um filme muito, muito bom dentro das adaptações que fez.

A minissérie:
Capa do dvd americano da minissérie.

Insatisfeito com o filme, Stephen King produziu uma minissérie em 1997, cujo roteiro era basicamente uma cópia do livro. A minissérie foi dirigida por Mick Garris e protagonizada por Steven Weber e Rebecca De Mornay. No total são mais de quatro horas de duração. Super fiel ao livro, a história do Hotel Overlook é, de fato, muito bem abordada. Para quem tem curiosidade para ver como seria uma versão fidedigna do livro, a minissérie cumpre esse papel, porém ela não consegue nos dar as mesmas tensões e o medo produzido pelo livro e nem pelo filme.  





Jack Torrance da minissérie.
Mulher do banheiro da minissérie.

Novidades: A prequela de um e a sequência de outro.

Em julho de 2012 foi divulgado que a Warner Bros. estaria produzindo um prelúdio do filme, intitulado The Overlook Hotel. A única grande novidade desde o anúncio da prequela até hoje é a contratação, em abril, do ex-produtor da série TheWalking Dead, Glen Mazzara como roteirista. Quem sabe teremos uma resposta para última cena do filme, que até hoje é alvo de várias teorias. Por outro lado, Stephen King está prestes a lançar a continuação de seu livro. O romance Dr. Sleep mostrará o personagem Danny já adulto, trabalhando em hospital e usando seus poderes para ajudar pacientes que estão morrendo. O livro tem data de lançamento para 24 de setembro deste ano. Agora é só aguardar.

Capa do livro Dr. Sleep, sequência de O Iluminado, que será lançado em setembro de 2013.